Adalgisa Guerra , radiologista do Hospital de Luz, concluiu o doutoramento em Medicina, especialidade de Investigação Clínica, no passado dia 7 de março, na Faculdade de Ciências Médicas/Nova Medical School da Universidade Nova de Lisboa. Na tese – que tem por título “The impact of multiparametric Magnetic Resonance Imaging (mpMRI) on the staging of prostate cancer patients” –, a médica estudou e comprovou, com recurso a modelos construídos a partir de dados obtidos das imagens, a importância do exame de ressonância magnética (RM) no diagnóstico e avaliação da extensão do cancro da próstata. Adalgisa Guerra, que é coordenadora da Unidade de Imagem Urogenital do Hospital da Luz Lisboa, explica o âmbito da investigação: “O cancro da próstata é um dos cancros mais frequentes no homem, com incidência crescente na Europa e EUA. Nos últimos dez anos, a abordagem teve alterações significativas, com a implementação da RM multiparamétrica (RMmp) como método de diagnóstico, prognóstico e deteção de agressividade tumoral”; “Contudo, em relação ao estadiamento deste tumor, a RM continua a ser alvo de pesquisas científicas, não sendo ainda universalmente aceite como teste de referência para o estadiamento local do cancro da próstata em todos os doentes”; “Na nossa prática clínica, acreditamos convictamente que a RM tem um papel fundamental na diferenciação entre tumor localizado (confinado à próstata) e tumor localmente avançado, com envolvimento extra prostático (ECE). Este aspeto é fundamental na decisão da estratégia terapêutica a aplicar.” Como pode a RM ajudar a diferenciar estes doentes foi uma das questões que orientaram os trabalhos, que consistiram num estudo observacional longitudinal em doentes com este tipo de tumor e avaliados por RM. Para isso, foram construídos dois modelos: um semântico (interpretação de RMmp) e outro de radiomics (construído a partir de dados quantitativos retirados de imagens de RM). Entre as principais conclusões da tese, destacam-se as seguintes: A RM é uma técnica de imagem importante para o estadiamento, que deve ser realizada em todos os doentes antes da cirurgia. Consegue ser precisa para o diagnóstico de ECE, mesmo em estadios mais precoces, em combinação com o Gleason score do tumor, aumentando a confiança do cirurgião para a decisão do tipo de cirurgia a realizar. O modelo preditivo radiomics , combinado com avaliação semântica, pode ter algum papel na decisão cirúrgica, mas não se mostrou individualmente superior ao modelo interpretativo. Os trabalhos desta tese contaram com o apoio do Programa de Investigação Clínica Luz Saúde. Os orientadores foram Rui Maio (Nova Medical School), Filipe Caseiro Alves (Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra) e Nikolaos Papanikolaou (Royal Marsden Hospital, Londres). O júri era constituído por Diogo Pais (presidente, da Nova Medical School), Arnaldo Figueiredo (Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra), Manuela França (ICBAS, Porto), Hugo Marques (Faculdade de Medicina da Universidade Católica Portuguesa), Rui Maio (Nova Medical School) e Rui Miguel Mateus Marques (Nova Medical School). Na foto em cima, a nova doutora e a maioria dos elementos do júri: Diogo Pais, Rui Mateus Marques, Rui Maio, Adalgisa Guerra, Hugo Marques e Manuela França.