António Setúbal , diretor de Ginecologia-Obstetrícia do Hospital da Luz Lisboa, é coautor, com Sara Carvalho , investigadora e fundadora da Mulherendo (Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose), de um dos capítulos do recente livro ‘Endometriose in adolescents: a comprehensive guide to diagnosis and management ’ . Com edição coordenada pelo conceituado cirurgião Ceana H. Nezhat (Nezhat Medical Center, em Atlanta, EUA), o livro é considerado, na comunidade médica internacional, a primeira e mais completa obra científica sobre endometriose em mulheres adolescentes. A endometriose é uma doença crónica inflamatória, em que se desenvolve fora do útero tecido semelhante ao do seu revestimento. Durante muito tempo pensou-se que afetava apenas as mulheres acima dos 20-23 anos, mas os estudos feitos vieram comprovar que a doença afeta também as adolescentes , numa proporção maior até, segundo recentes investigações científicas. Tal como nas outras faixas etárias, continua muito subdiagnosticada ou então diagnosticada tardiamente , devido à tendência das próprias mulheres e mesmo de médicos desvalorizarem as dores e o mal-estar que provoca, sobretudo durante o período menstrual. Em ‘Endometriose in adolescents: a comprehensive guide to diagnosis and management’, abordam-se vários aspetos e mecanismos da doença, fundamentais para um melhor diagnóstico, tratamento e acompanhamento da mesma em adolescentes. Sara Carvalho, que é investigadora do Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa (CLUNL), além de fundadora da Mulherendo, e António Setúbal, especialista em endometriose e laparoscopia do Hospital da Luz Lisboa, assinam o capítulo ‘ Defining endometriosis for doctors and patients ’, em que abordam o problema da comunicação entre doentes/médicos e médicos-médicos enquanto fator-chave para um melhor o diagnóstico da doença. Recorrendo a exemplos práticos (ficcionados), os autores fornecem algumas “reflexões e estratégias” para que exista entre médicos, doentes adolescentes e respetivos familiares “uma comunicação mais clara” sobre a doença. “Uma comunicação mais eficaz pode ajudar a alcançar um diagnóstico e contribuir também para uma melhor gestão da endometriose”, defendem. ‘ Defining endometriosis for doctors and patients’