Um doente com 79 anos foi submetido, pela primeira vez no Hospital da Luz, a encerramento percutâneo do apêndice auricular esquerdo, com recurso a um dispositivo de nitinol, para prevenção de AVC (Acidente Vascular Cerebral). Trata-se de um tratamento inovador , em expansão na Europa e nos EUA, que constitui uma alternativa aos fármacos anticoagulantes quando é preciso prevenir acidentes cerebrais tromboembólicos, sendo usualmente indicado em doentes que sofrem efeitos secundários e/ou intolerância à hipocoagulação oral (hemorragias, geralmente). Esta primeira intervenção no Hospital da Luz Lisboa foi realizada a 30 de novembro de 2020 a um doente diabético, hipertenso, com história de doença coronária grave (que fora já submetido a angioplastia na nossa instituição, em 2016), tendo antecedentes de AVC isquémico e intolerância aos novos anticoagulantes orais. Através de cateterismo, foi-lhe implantado um dispositivo de nitinol (uma liga metálica de níquel e titânio, que tem a capacidade de restaurar a sua forma original após o contacto com o sangue), de aproximadamente 2 cm e o formato de um paraquedas. Implantado no coração, este dipositivo permite fechar o apêndice auricular esquerdo – que é uma espécie de bolsa localizada na aurícula esquerda do coração –, onde se formam cerca de 80% dos coágulos causadores de AVC tromboembólicos. Com o encerramento do apêndice auricular esquerdo, previne-se a deslocação destes coágulos sanguíneos pela aorta até às artérias cerebrais e consequentes AVC . Neste cateterismo de intervenção, o procedimento é guiado por ecografia intraoperatória e o doente pode ter alta em 24 horas. Este tratamento decorreu no Laboratório de Hemodinâmica/Cardiologia de Intervenção do Hospital da Luz Lisboa, tendo sido realizada por uma equipa multidisciplinar (em cima, na foto) coordenada pelo cardiologista de intervenção, Rui Campante Teles , que contou com outros médicos especialistas em Hemodinâmica e Arritmologia – nomeadamente, Henrique Mesquita-Gabriel e Diogo Cavaco –, Ecocardiografia e Anestesiologia – Marisa Trabulo , Filipa Aguiar e Nuno Cardim –, bem como enfermeiros e técnicos. Um mês depois, o doente beneficia da proteção do dispositivo, uma vez que teve de voltar a suspender os anticoagulantes, e mantém uma evolução clínica favorável, estando a ser seguindo na consulta.