O British Journal of Sports Medicine (BJSM), conceituada revista científica, publicou a 7 de maio um artigo de Hélder Dores e Nuno Cardim , cardiologistas do Hospital da Luz Lisboa, em que estes analisam, do ponto de vista da Cardiologia desportiva, os riscos e as principais precauções que os atletas que recuperaram de covid-19 devem ter no regresso aos treinos e à competição. “Regresso à prática desportiva após a covid-19: a visão da cardiologia desportiva” é o título do artigo publicado em editorial do BJSM. Hélder Dores e Nuno Cardim fazem os seguintes alertas sobre este tema controverso e que está na ordem do dia: “Do ponto de vista clínico, parece-nos prematuro reiniciar o exercício/competição antes de um controlo claro da infeção. É necessário também um melhor esclarecimento sobre a evolução da doença e as possíveis complicações cardiorrespiratórias a médio-longo prazo.” “É importante ressaltar que, conforme descrito noutros tópicos da cardiologia desportiva, a prática desportiva pode contribuir para o desenvolvimento de problemas cardiovasculares, mesmo em indivíduos aparentemente saudáveis.” “Na nossa opinião, em atletas recuperados clinicamente de uma infeção comprovada de covid-19 (mesmo aqueles com doença leve, sem sintomas cardíacos ou internamento hospitalar), pode existir lesão miocárdica subclínica. Recomendamos uma avaliação médica antes de o atleta reiniciar os treinos, eventualmente com exames como ecocardiograma transtorácico, prova de esforço máxima e monitorização com Holter de 24 horas, de acordo com a gravidade e evolução clínica.” “No atual contexto de incerteza, é essencial garantir condições equitativas e seguras para a proteção de todas as partes interessadas no regresso às atividades desportivas, pois um único atleta pode ser um vetor de transmissão. Para isso, os médicos devem ser envolvidos na decisão e contribuir para estabelecer protocolos específicos para avaliar os atletas afetados pela covid-19.” “A avaliação cardíaca é de extrema importância, devido às complicações diretas da doença e dos efeitos adversos potenciais de alguns medicamentos utilizados no tratamento (por exemplo, corticoesteróides, antibióticos, antimaláricos, antivirais, anti-inflamatórios ou imunossupressores) com implicações para a prática de exercício”. Hélder Dores é responsável pela área de Cardiologia Desportiva e Nuno Cardim o coordenador da Unidade de Imagiologia Cardíaca, do Laboratório de Ecocardiografia e do Centro de Doenças Cardíacas Hereditárias e Miocardiopatias do Hospital da Luz Lisboa. São ambos doutorados em Medicina e professores universitários. Return to play after COVID-19: a sport cardiologist’s view