A educação da população é a chave para a prevenção do enfarte agudo do miocárdio e para um tratamento mais eficaz desta doença, que constitui a segunda causa de morte em Portugal – salientou João Brum Silveira , cardiologista do Hospital da Luz, em entrevista e reportagem emitida pelo Porto Canal, no Dia Nacional do Doente Coronário (14 de fevereiro). O médico, que é coordenador nacional das campanhas ‘Stent Save a Life’ e ‘Cada segundo conta’, da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC), explicou os fatores de risco que originam a doença, os sintomas a que se deve estar alerta, a importância do diagnóstico e tratamento atempados, bem como dos programas de reabilitação cardíaca. O enfarte agudo do miocárdio (ou ataque cardíaco) resulta da obstrução de uma das artérias do coração, que faz com que uma parte do músculo cardíaco fique em sofrimento por falta de oxigénio e nutrientes. Esta obstrução é habitualmente causada pela formação de um coágulo devido à rotura de uma placa de colesterol. Quanto maior for a artéria coronária envolvida e o tempo em que o fluxo de sangue estiver interrompido, maiores serão os danos para o coração. Os sintomas do enfarte duram normalmente mais de 20 minutos, mas também podem ser intermitentes. Podem ocorrer de forma repentina ou gradualmente, ao longo de vários minutos. Os sintomas mais comuns e para os quais as pessoas devem estar alerta são: Dor no peito e por vezes com irradiação ao braço esquerdo, costas e pescoço; Suores, náuseas, vómitos, falta de ar e ansiedade (em simultâneo com essa dor). “Estamos a falar de uma doença sistémica e crónica, que progride se não se mudar o estilo de vida. Há dois grandes grupos de fatores de risco: os não modificáveis (sexo masculino, idade, histórico familiar de enfarte) e os modificáveis (tabagismo, excesso de peso, hipertensão, stresse, diabetes ou colesterol elevado)” , sintetizou João Brum Silveira. “O tratamento consiste numa angioplastia primária, uma técnica minimamente invasiva”, como explicou ainda: “Introduz-se um pequeno tubinho pela artéria radial e depois um cateter que vai até ao coração. Em mais de 90% dos casos, deixa-se uma pequena rede, um stent , para impedir a artéria de voltar a obstruir”. Reportagem e entrevista de João Brum Silveira no Porto Canal