As feridas crónicas enquanto problema de saúde pública e como melhorar o acompanhamento e tratamento dos doentes afetados foram o tema do seminário realizado a 22 de outubro pelo Hospital da Luz e a Escola Superior de Saúde Pública da Universidade de Aveiro (ESSUA), com a participação de diversos especialistas nesta área. O encontro, intitulado Feridas Crónicas de Etiologia Vascular , faz parte de um ciclo de seminários sobre feridas crónicas que estão a ser organizados pela ESSUA, o Hospital da Luz Aveiro e o Centro Multidisciplinar de Tratamento de Feridas e Regeneração Tecidular do Hospital da Luz Oiã. Estima-se que a prevalência das feridas crónicas na população em geral seja de 3,3 portadores de ferida em cada 1.000 habitantes e em um terço dos utentes dos cuidados de saúde diferenciados, com uma média de 412 dias de existência da ferida (segundo dados de 2014, compilados por Jorge Pereira Alves em “Feridas: prevalência e custos”, tese de doutoramento em Enfermagem, na Universidade Católica Portuguesa). “Com uma quantidade tão elevada de doentes que sofrem desta patologia, esta iniciativa é fundamental para que possamos melhorar o tratamento destes doentes na nossa região”, salientou Paulo Farber , médico e investigador do Hospital da Luz Aveiro e Coordenador do Centro Multidisciplinar de Tratamento de Feridas e Regeneração Tecidular do Hospital da Luz Oiã. “Esta parceria entre o hospital privado mais importante da região e a Universidade de Aveiro envolve um grupo multidisciplinar de profissionais de saúde (como médicos, enfermeiros e fisioterapeutas) de grande experiência académica e científica, com o objetivo de melhorar a assistência e a investigação na área de cicatrização e regeneração tecidular”, acrescentou. Na sessão de abertura do seminário, Pedro Beja Afonso, administrador das unidades do Hospital da Luz na região Centro, destacou também a relevância do tema: “As feridas crónicas têm muita prevalência e são muito incapacitantes, estando relacionadas muitas das vezes com o envelhecimento, exigindo uma cada vez maior atenção. Criámos um Centro Multidisciplinar de Tratamento de Feridas e Regeneração Tecidular no Hospital da Luz Oiã porque acreditamos que temos as competências para praticar uma medicina de excelência, uma medicina multidisciplinar e de equipa que ajude as pessoas”. Este centro, conta com a colaboração de enfermeiros e médicos de diversas especialidades médicas, como ortopedia, cirurgia plástica e cirurgia vascular. “Esta parceria conta com professores de grande conhecimento científico, que vão proporcionar uma atualização e ensinar o que há de mais moderno na avaliação e tratamento de feridas. Por ser uma parceria entre médicos e enfermeiros, e com qualidade académica única, neste ciclo de seminários teremos palestras que vão envolver não só o cuidado das feridas, mas também a avaliação e a possibilidade de tratar os doentes portadores das feridas” explicou João Lindo Simões, professor da ESSUA. Temas inéditos em debate Este primeiro seminário realizado na ESSUA abordou temas inéditos neste tipo de eventos sobre tratamento de feridas – como por exemplo, avaliação do fluxo de sangue para a ferida, fatores elétricos que interferem com a cicatrização, métodos de imagem usados na avaliação de feridas, deficiência de vitaminas e como a pré-diabetes e a diabetes atuam no sangue para impedir a cicatrização normal, entre outros assuntos. Houve ainda espaço para um workshop prático de avaliação e tratamento da ferida crónica vascular – que foi realizado por diversos profissionais de saúde, entre os quais as enfermeiras do Hospital da Luz Oiã Marlene Moreira (enfermeira responsável) e Carina Lomba, que têm larga experiência nesta atividade. Uma experiência que “é uma mais-valia para o desenvolvimento de competências concretas e específicas para cuidar de pessoas com este tipo de feridas”, como afirmou Paulo Farber. Na foto em cima, Carina Lomba, Paulo Farber e Marlene Moreira. Centro Multidisciplinar de Tratamento de Feridas e Regeneração Tecidular