A incontinência urinária afeta tanto os homens como as mulheres, que “não devem desvalorizar os sintomas”, como alerta Paulo Temido , médico urologista do Hospital da Luz Coimbra e do Hospital da Luz Clínica de Pombal, em entrevista ao Diário de Coimbra . A doença não é uma consequência natural do envelhecimento e em 85% dos casos tem “tratamento eficaz”, salienta ainda o especialista, a propósito da Semana Europeia da Incontinência Urinária, que se assinala entre 14 e 19 de março com o objetivo sensibilizar a população para a necessidade de procurar ajuda médica, de forma a solucionar o problema e ter maior qualidade de vida. Para a grande maioria dos doentes, a incontinência urinária permanece um tabu, sofrendo em silêncio: “50 a 70% dos doentes não procuram ajuda médica», comprometendo o diagnóstico e tratamento, revela o especialista, que é presidente da Associação Portuguesa de Neurourologia e Uroginecologia (APNUG). Na verdade, a prevalência é enorme, estimando-se que a incontinência urinária afete cerca de 35% das pessoas acima dos 60 anos e que 80% dos idosos em instituições residenciais sofrem desta patologia. Grande parte da população acha mesmo que a doença é “uma consequência normal do envelhecimento, como é uma consequência ganhar rugas na pele”, acrescenta Paulo Temido. Por isso, verifica-se um “atraso médio de seis a nove anos, quer no diagnóstico, quer no tratamento da doença”, o que traz “consequências nefastas para a vida de uma pessoa, que anda anos e anos com uma doença não tratada”. E a pandemia de COVID-19, acrescenta, veio agravar a tendência para desvalorizar uma doença que em 85% dos casos tem “tratamento eficaz” , seja através de terapêutica farmacológica, cirurgia minimamente invasiva ou fisioterapia pélvica, por exemplo. Paulo Temido chama ainda a atenção para o facto de a incontinência urinária não ser apenas provocada pelo mau funcionamento da bexiga e poder estar associada a uma doença mais grave. Por isso, reforça a importância de não desvalorizar os sinais de alerta e procurar ajuda médica . Entrevista de Paulo Temido Diário de Coimbra