Será possível prever a evolução da doença degenerativa da coluna e os resultados dos tratamentos a que os doentes são submetidos a partir da análise da sua marcha? Este é o ponto de partida de uma investigação que está a ser realizada pelo Serviço de Neurocirurgia do Hospital da Luz Setúbal, que conta com a colaboração da empresa de saúde digital Kinetikos. Nas doenças degenerativas da coluna ocorrem processos de desgaste das articulações da coluna e dos discos intervertebrais, que podem comprimir as raízes nervosas. “O objetivo deste estudo é caracterizar as variáveis biomecânicas da marcha em pessoas com doença degenerativa da coluna e desenvolver um modelo preditivo para a evolução da doença e eficácia dos tratamentos efetuados, sejam eles conservadores ou cirúrgicos”, explica o neurocirurgião Nuno Cristino , coordenador do Serviço de Neurocirurgia do Hospital da Luz de Setúbal. No âmbito deste projeto, a marcha dos doentes é caracterizada utilizando tecnologias inovadoras, suportadas por uma plataforma clínica web (KinetikOS) e por uma aplicação móvel (mKinetikos). O padrão de marcha dos pacientes é recolhido durante a consulta médica, num ambiente supervisionado, com recurso a sensores inerciais que são habitualmente utilizados para caracterizar o movimento de atletas de alta competição. Através de uma aplicação móvel instalada no smartphone do doente, são também recolhidos dados da mobilidade e função durante as suas atividades diárias, em ambiente não supervisionado. “O estudo visa contribuir para uma medicina personalizada, através da criação de uma ferramenta digital de suporte na decisão clínica”, sublinha Nuno Cristino.