João Farela Neves , diretor do Departamento de Pediatria do Hospital da Luz Lisboa, concluiu, no passado dia 15 de maio, o doutoramento em Medicina (Investigação Clínica), na Faculdade de Ciências Médicas (Nova Medical School) da Universidade Nova de Lisboa. Na sua tese, que mereceu a aprovação unânime do júri, com distinção e louvor, o médico fez uma investigação sobre imunodeficiências primárias (IDP) em crianças, apresentando dados pioneiros a nível mundial, incluindo a descoberta, descrição e análise de novas imunodeficiências primárias. Sob o título “Unravelling novel genetic and functional mechanisms of primary immunodeficiencies” ( “Desvendando novos mecanismos genéticos e funcionais de imunodeficiências primárias” ), a investigação de João Farela Neves foi realizada no âmbito de uma parceria entre o Centro Hospitalar Lisboa Central, o Laboratório de Imunologia da Nova Medical School e o Departamento de Medicina da Universidade de Cambridge (Reino Unido). Para os seus estudos, o médico pediatra (ao centro, na foto em cima) teve por base casos de doentes seguidos no Hospital Dona Estefânia , unidade de referência em Pediatria para a zona sul do país e Ilhas. O júri das provas de doutoramento concluiu que a tese de João Farela Neves “tem uma importância ímpar, pela relevância clínica, pioneirismo e inovação”, tendo em conta não apenas a descrição de novas entidades clínicas, que efetua pela primeira vez a nível mundial, mas também pela elucidação de novos mecanismos fisiopatológicos de imunodeficiências primárias previamente descritas. Luís Miguel Borrego (professor da Nova Medical School e diretor do Centro de Alergia e Imunidade do Hospital da Luz Lisboa) e Sergey Nejentsev, investigador principal do Departamento de Medicina da Universidade de Cambridge (Reino Unido) foram os orientadores da tese. O júri das provas de doutoramento foi presidido por Helena Canhão (Nova Medical School) e constituído por Carlos Vasconcelos (Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto), Celso Pais Pereira (Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra), Inês Águeda de Azevedo, Luís Manuel Varandas (Nova Medical School) e Luís Miguel Borrego. O que são imunodeficiências primárias (IDP): É um vasto grupo de diferentes doenças causadas por defeitos hereditários que levam a que alguns componentes do sistema imunológico não funcionem corretamente; Como os seus sistemas imunológicos não funcionam adequadamente, as pessoas com IDP são mais propensas a desenvolver infeções, mas também a desenvolverem fenómenos autoimunes ou inflamatórios que podem ser graves, recorrentes ou precoces. Apesar de serem individualmente raras, no seu conjunto têm uma prevalência importante. São habitualmente identificadas durante a infância, mas também podem ser diagnosticadas em adulto; O tratamento depende da parte do sistema imunológico afetada. Nas conclusões , João Farela Neves salienta, entre outros aspetos, que a investigação clínica em doenças raras como as IDP permite desvendar os mecanismos imunológicos que conduzem à saúde e à doença, permitindo não só o melhor tratamento e prognóstico destes doentes, mas também à melhor compreensão de outras doenças, abrindo caminhos a novos meios de diagnóstico e tratamento. João Farela Neves é diretor do Departamento de Pediatria do Hospital da Luz Lisboa desde 2019 e pertence ao quadro de especialistas do Hospital Dona Estefânia, nas unidades de Imunodeficiências Primárias e Cuidados Intensivos Pediátricos. Professor universitário, é presidente da Sociedade Pediátrica de Imunodeficiências Primárias (SPIDP) da Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), integra a comissão executiva do Grupo Português de Imunodeficiências Primárias (GPIP) da Sociedade Portuguesa de Imunologia e pertence à direção da Sociedade Europeia de Imunodeficiências Primárias. Em Pediatria, tem como áreas dedicadas as imunodeficiências primárias e imunologia clínica, infeciologia pediátrica e cuidados intensivos pediátricos. Na foto em cima, Luís Varandas, Carlos Vasconcelos, João Farela Neves, Helena Canhão e Luís Miguel Borrego (os outros dois elementos do júri, Inês Águeda de Azevedo e Celso Pais Pereira, participaram por videoconferência).