João Pinheiro Costa , oftalmologista do Hospital da Luz, concluiu o doutoramento em Medicina, no passado dia 19 de janeiro, na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). Na sua tese – que tem por título “A coroide no queratocone: marcador de inflamação e de progressão da doença” –, João Pinheiro Costa analisa a morfologia da coroide em pacientes com queratocone, recorrendo à tecnologia de OCT (um exame de oftalmologia), e correlaciona o aumento da espessura coroideia encontrado com mecanismos fisiopatológicos conhecidos da doença, como a atopia, o hábito de coçar os olhos, o perfil inflamatório e a progressão da doença. O queratocone: É uma doença que atinge essencialmente adolescentes e adultos jovens; Provoca diminuição da acuidade visual, com grande impacto na qualidade de vida dos pacientes. Muitas vezes, estes doentes necessitam de tratamentos para a superfície ocular, de uso de lentes de contacto rígidas e de procedimentos cirúrgicos (crosslinking de córnea, implante de segmentos de anel ou transplante de córnea). “O queratocone é definido como uma ectasia progressiva, bilateral e assimétrica. Apesar de ser tradicionalmente considerada uma condição não inflamatória, evidência recente indica um papel da inflamação na fisiopatologia da doença. A constatação da possibilidade de existirem alterações no segmento posterior dos pacientes com queratocone, nomeadamente um aumento da espessura desta camada vascular, levantou dúvidas e motivou a realização do projeto de investigação”, explica o médico. Os trabalhos de investigação, que contaram com a participação de 114 pacientes com queratocone e 65 controlos ajustados para idade, decorreram no Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar Universitário de São João e nos laboratórios do Departamento de Biomedicina da FMUP. Entre as principais conclusões da tese, que mereceu a aprovação do júri por unanimidade, salientam-se as seguintes: Os pacientes com queratocone apresentam um aumento significativo da espessura coroideia macular, em comparação com controlos ajustados à idade. Os pacientes com queratocone apresentam índices celulares séricos pró-inflamatórios aumentados, sendo esta uma evidência adicional de um papel para a inflamação sistémica na fisiopatologia da doença. O aumento da espessura coroideia correlaciona-se positivamente com os marcadores inflamatórios séricos descritos. O hábito de coçar os olhos e a atopia correlacionam-se também com o aumento da espessura coroideia. O perfil da coroide não pode ser utilizado como um marcador de progressão capaz de diferenciar os pacientes que necessitam de crosslinking em um determinado momento. “Estes trabalhos contribuem para uma melhor compreensão da fisiopatologia da doença e abrem novas linhas de investigação a alterações até então não descritas”, explica João Pinheiro Costa. Foram orientadores desta tese Fernando Falcão Reis , Dulce Madeira e Ângela Carneiro (todos professores da FMUP). Na foto em cima, o novo doutor com o júri das provas de doutoramento: Fernando Falcão Reis, João Pinheiro Costa, José Estevão da Costa (FMUP), Maria João Quadrado (Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra), José Ruiz Moreno (Universidad Castilla-La Mancha, Madrid), José Paulo Andrade (FMUP) e João Lima Bernardes (FMUP).