“A humildade, a preocupação ética e o sacerdócio da Medicina”, que fazem dele “um senador da Medicina”, foram destacados por Luís Marques Mendes durante a apresentação que fez do livro autobiográfico de José Roquette, 75 anos, cirurgião cardiotorácico e primeiro diretor clínico do Hospital da Luz. A sessão reuniu no Hospital da Luz Lisboa, ao final da tarde de 8 de março, mais de 300 pessoas, entre amigos, antigos doentes, profissionais de saúde, os ex-Presidentes da República Ramalho Eanes e Cavaco Silva e o atual Chefe do Estado, Marcelo Rebelo de Sousa. Em ‘De coração nas mãos’ , José Roquette recorda histórias de infância e da família, explica como e por que razões escolheu Medicina e conta como a vida o conduziu para geografias tão diversas como os mares gelados da Terra Nova, clínicas na Suíça e os estaleiros da Docapesca. Fala também do seu percurso no Hospital de Santa Marta (do qual foi diretor do Serviço de Cirurgia Cardiotorácica), da relação com o seu mentor (Manuel Eugénio Machado Macedo), da oportunidade de fundar o Hospital da Luz em Lisboa (a convite de Isabel Vaz, tendo sido diretor clínico durante 13 anos) e da Luz Saúde (onde continua a trabalhar e é presidente do Conselho Clínico). Traz também a público muitos momentos difíceis e marcantes, não apenas no plano profissional, mas também na sua vida pessoal, como a recente superação de um cancro de pâncreas. “Este é um ensaio sobre a medicina do meu tempo, sobre a evolução da sua prática em Portugal e sobre o legado que deixo neste mundo da Cirurgia Cardiotorácica” , explica o autor, que agradeceu “profundamente” a presença de todos na apresentação do livro. ‘Uma vida que precisava de ser contada’ “Pelo percurso que fez, é claramente uma vida que precisava de ser contada. E é com muito orgulho que hoje todos o recebemos nesta sua casa, que ajudou a construir”, salientou Isabel Vaz, CEO da Luz Saúde. “É um livro que dá prazer ler”, acrescentou Marques Mendes durante a apresentação que fez da obra, considerando que esta mostra bem como “a Medicina é uma vocação e uma missão para José Roquette” . E explicou: “Quer trabalhando no setor público, quer no setor privado, o que ele sempre fez foi serviço público, com paixão e competência, sem preconceitos e sem complexos, tendo-se destacado em ambos os lados pela sua humanidade, responsabilidade e busca da excelência – como que a sugerir à sociedade em geral e ao poder político em particular algo de muito simples: num país pequeno como o nosso, com tantos desafios pela frente e tanta escassez de recursos, que sentido faz o preconceito, o complexo e discriminação entre o público e o privado? O que faz sentido é ambos os setores trabalharem de forma complementar e na mesma direção, a da qualidade e da excelência.” E concluiu: “Por tudo o que fez ao longo da sua vida de trabalho, o Dr. José Roquette merece esta nossa homenagem. Bem haja, professor!”.