A Unidade do Ombro e Cotovelo do Hospital da Luz Lisboa tem obtido excelentes resultados no tratamento cirúrgico de lesões SLAP no ombro de desportistas. Um estudo retrospetivo , relativamente a desportistas e militares submetidos a tratamento cirúrgico deste tipo de lesões entre 2010 e 2018, acaba de ser publicado na edição de maio da Revista de Medicina Desportiva , da autoria dos ortopedistas André Barros , Eduardo Carpinteiro (coordenador daquela unidade) e Sérgio Gonçalves (Hospital Curry Cabral). A lesão SLAP (sigla em Inglês de Superior Labrum Anterior to Posterior) é frequente em atletas e militares, sobretudo em atletas que praticam modalidades que exigem esforço específico do ombro, como voleibol, andebol e beisebol. Os sintomas são, habitualmente, dor na parte superior e anterior do ombro e sobretudo em atividades com os membros superiores elevados. O tratamento de primeira linha da lesão SLAP é conservador – com anti-inflamatórios não esteroides, infiltrações com corticoides e fisioterapia – mas, na ausência de melhoria, a opção é a intervenção cirúrgica, com possibilidade de recurso a duas técnicas: a reparação labral direta (RL), considerada até há uns anos o tratamento standard , e a tenodese da longa porção do bicípete (TLPB). “Lesão SLAP tipo II isolada em desportistas – Reparação labral ou tecnodese da longa porção do bicípete – análise de resultados e taxa de return to play”: Foram analisados os casos de 25 doentes – 12 dos quais foram submetidos a reparação labral (RL) e 13 a tenodese da longa porção do bicípete (TLPB); A taxa de retorno à prática desportiva foi de 100% em ambos os grupos; No grupo TLPB a taxa de retorno ao nível prévio de atividade desportiva foi de 70%, contra 42% no grupo RL; As taxas de complicações cirúrgicas foram inferiores no grupo TLPB, comparativamente com o grupo RL. Conclusões: ambas as técnicas têm bons resultados clínico a médio e longo prazo. Na série de doentes analisada neste estudo, os resultados são superiores para a TLPB e sem re-intervenções. “O tratamento de primeira linha é conservador, mas, na ausência de melhoria, a tenodese da longa porção do bicipete (TLPB) é a técnica com melhores resultados e menos complicações”, enfatiza Eduardo Carpinteiro.