Luís Afonso Gamas , cirurgião vascular no Hospital da Luz Clínica de Amarante e Clínica de Cerveira, concluiu o doutoramento em Medicina, na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), tendo obtido aprovação unânime pelo júri. A sua tese, intitulada "Neuromonitoring and Outcome Predictors in Carotid Endarterectomy under Regional Anesthesia" centrou-se no estudo da monitorização cerebral durante a cirurgia de endarterectomia carotídea, utilizada na prevenção de acidentes vasculares cerebrais (AVC) em alguns grupos de doentes. O AVC é uma das principais causas de morte em Portugal, sendo que cerca de 10 a 20% são causados por aterosclerose a nível das artérias carótidas. Durante a cirurgia de endarterectomia carotídea existe a necessidade de clampagem temporária das artérias carótidas (uma "corte" da circulação na artéria intervencionada), sendo a irrigação cerebral mantida por circulação colateral. Torna-se assim fundamental monitorizar a função cerebral, uma vez que até 10% dos doentes não toleram a clampagem carotídea. Nos trabalhos de investigação da tese, Luís Gamas analisou a precisão diagnóstica de métodos de monitorização cerebral, em particular a espectroscopia de infravermelho próximo (n ear-infrared spectroscopy - NIRS) durante a operação, assim como o perfil hemodinâmico intraoperatório de doentes que não toleraram a clampagem, tendo como principais conclusões: O NIRS demonstrou sensibilidade insuficiente para detetar isquemia cerebral durante a endarterectomia carotídea, realizada tanto sob anestesia geral como regional. Recomenda-se a utilização do NIRS em combinação com outros métodos de neuromonitorização mais sensíveis. Doentes não tolerantes à clampagem carotídea apresentaram em média pressões arteriais sistólicas mais elevadas a partir do momento de clampagem, o que pode representar uma resposta de tentativa de compensação na presença de uma rede colateral ineficaz. Os resultados obtidos permitem uma compreensão mais precisa dos métodos de neuromonitorização utilizados na endarterectomia carotídea, apoiando decisões intraoperatórias mais informadas e contribuindo para a melhoria contínua da segurança e eficácia deste procedimento. A tese teve como orientador João Rocha Neves e coorientadores José Paulo Andrade e Ricardo Horta, todos da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). Na foto em cima, o novo doutor e o júri: João Bernardes (da FMUP, presidente do júri), Augusto Ministro (Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa), Petar Zlatanovic (Centro Clínico Universitário da Sérvia, Belgrado), José Paulo Andrade (coorientador), Luís Gamas, João Rocha Neves (orientador), Ricardo Horta (coorientador), Mario d' Oria (Departmento de Ciências Clínicas, Cirúrgicas e de Saúde, Universidade de Trieste, Itália), Marina Neto (FMUP) e Susana Sá (FMUP).