Miguel Gonçalves Ferreira , que desenvolveu a técnica cirúrgica SRT para tratar a ‘bossa nasal’, é o editor convidado do mais recente número da revista científica Facial Plastic Surgery. O otorrinolaringologista do Hospital da Luz Arrábida e do Centro Hospitalar Universitário de Santo António consegue assim fazer o pleno das três publicações mundiais mais conceituadas desta área, pois já antes artigos da sua autoria tinham merecido igual destaque na Laryngoscope (em 2019) e na Facial Plastic Surgery and Aesthetic Medicine (2022), o que comprova a importância do seu trabalho sobre a SRT. Perante o crescente interesse em medicina baseada na evidência, o cirurgião tem vindo a dinamizar um grupo de reflexão e partilha de experiências que integra já 1.500 cirurgiões de rinoplastia de todas as especialidades e de todo o mundo. Foi na sequência disso também que a revista Facial Plastic Surgery o convidou para Guest Editor de um número especial sobre rinoplastia, que foi publicado em agosto passado A spare roof technique (SRT) A característica dismórfica mais relevante no nariz caucasiano é a chamada ‘bossa nasal’. Neste contexto, Miguel Gonçalves Ferreira criou em 2014 uma nova técnica para rinoplastia – a spare roof technique (SRT) – que permite corrigir a ‘bossa nasal’ e simultaneamente preservar estruturas importantes do nariz, como as cartilagens laterais superiores. Esta técnica foi igualmente o foco do seu projeto de doutoramento em Ciências Médicas, que concluiu em 2020 no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto. A SRT permite obter um dorso uniformemente liso e estruturalmente estável, demonstrado através de cálculos de engenharia e dos resultados estéticos e funcionais alcançados – publicados no artigo que foi selecionado para capa da revista norte-americana The Laryngoscope (que teve como primeira autora Mariline Santos, também do Serviço de Otorrinolaringologia do Centro Hospitalar Universitário de Santo António). O objetivo de Miguel Gonçalves Ferreira foi conceber uma técnica mais precisa, eficaz, rápida e menos agressiva. Após inúmeros ensaios em cadáver e interações de engenharia de estruturas – em colaboração com um grupo de estudo de Engenharia da Universidade do Minho –, foi possível desenvolver esta nova técnica que está hoje difundida um por todo o mundo. Desde 2014, foram já desenvolvidas, testadas e publicadas por Miguel Gonçalves Ferreira três variantes da técnica original (que conferem à SRT uma maior versatilidade face às diferentes deformidades da pirâmide nasal, além da ‘bossa nasal’): A SRT-A, que permite a correção da ‘bossa nasal’ em doentes cuja morfologia dos ossos próprios do nariz seja em ‘S, o que corresponderá a cerca de 60-80% dos narizes caucasianos; A SRT-B (também designada ‘Técnica Ferreira-Ishida’), para a correção da ‘bossa nasal’ em doentes cuja morfologia dos ossos próprios do nariz seja em ‘V’, o que corresponderá a uma minoria dos narizes caucasianos; A SRT-Reverse, para a correção do nariz em sela, o qual pode resultar de cirurgias nasais prévias, doenças sistémicas ou traumatismos nasais. “A Spare Roof Technique (A, B e Reverse) tem-se revelado a mais versátil técnica de rinoplastia de preservação, com as suas múltiplas aplicações. Ao longo destes anos, tive oportunidade de a divulgar e demonstrar em diversos congressos por todo o mundo, sendo hoje praticada em inúmeros centros hospitalares internacionais de rinoplastia”, salienta Miguel Gonçalves Ferreira. Número especial da Facial Plastic Surgery (acesso livre a prefácio de Miguel Gonçalves Ferreira e abstracts ; restantes conteúdos reservados a assinantes) “ Spare roof technique in reduction rhinoplasty: Prospective study of the first one hundred patients ” (artigo que fez capa na Laryngoscope) “ Preservation Rhinoplasty in the Saddle Nose: The Reverse Spare Roof Technique ” (artigo que fez capa na Facial Plastic Surgery and Aesthetic Medicine)