A maioria das pessoas que sofre frequentemente com dores de cabeça e enxaquecas “aceita isso como uma fatalidade e acha que não tem solução, mas não é verdade”: é uma doença “de diagnóstico clínico e que é tratada através de medicamentos” , salientou a neurologista Raquel Gil-Gouveia no programa Sociedade Civil, emitido pela RTP 2 no passado dia 10 de fevereiro. A diretora do Centro de Cefaleias do Hospital da Luz Lisboa integrou o grupo de especialistas que a estação convidou para discutir o tema da dor crónica. “A enxaqueca é a segunda causa de anos vividos com incapacidade, a nível mundial. Um sétimo da população tem enxaqueca”, afirmou Raquel Gil-Gouveia. Depois de explicar que, ao contrário de outras doenças que se manifestam através de dor, neste caso “a própria doença consiste em ter dor, pois não há nada de estruturalmente errado com a cabeça ou o cérebro”, a médica falou da importância de as pessoas saberem reconhecer a doença e recorrerem a um médico. É que, de facto, “a enxaqueca é uma doença para a vida”, mas pode ser controlada e tratada , acrescentou. Sociedade Civil (‘A dor, mas sem dor’) A especialista alertou ainda que é necessário combater o estigma que está associado a esta doença: “A enxaqueca rouba tempo de vida e os doentes, ainda por cima, são incompreendidos e mal vistos pelos familiares, amigos e colegas de profissão. É importante que as pessoas que não sofrem com enxaqueca percebam o impacto que isso tem para estes doentes”, que perdem qualidade de vida e ficam incapazes de trabalhar ou estudar, por exemplo. Foi, aliás, com o objetivo de “ajudar a revelar esta doença invisível” que a Sociedade Portuguesa de Cefaleias e a MiGRA Portugal (Associação Portuguesa de Doentes com Enxaqueca e Cefaleias) produziu, com a cantora Rita Redshoes, a música ‘Migraine (What Can’t You See?)’ , que tem letra de Raquel Gil-Gouveia.