Uma larga maioria dos participantes nos rastreios realizados pelo Hospital da Luz Setúbal nos passados dias 15 e 18 de abril apresentou alterações na voz, em alguns dos casos acompanhadas de alterações orgânicas, como nódulos e pólipos. Esta iniciativa realizou-se no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Voz, que se assinalou a 16 de abril, e constituiu uma parceria entre o Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital e a Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal. O principal objetivo foi sensibilizar a população e os profissionais da voz em particular – ou seja, todas as pessoas que utilizam a voz como instrumento de trabalho, como cantores, jornalistas, atores, professores, locutores e vendedores, entre outros – para a importância da prevenção. Dos 20 participantes nos rastreios (com idades compreendidas entre os 45 e os 80 anos, sendo 85% mulheres), 11 revelaram disfonia funcional, provocada por incorreta utilização vocal, e sete apresentaram disfonia já com alterações vocais de origem orgânica, com nódulos, pólipos ou fenda glótica. Do total, 35% utilizam a voz em contexto de canto coral. Sinais de alerta e cuidados a ter A voz é produzida na laringe, onde se localizam as pregas vocais. Quando vamos falar, essas pregas fazem um movimento de vibração, devido à passagem do ar que vem dos pulmões quando expiramos. «É importante estarmos atentos às alterações da nossa voz, pois só assim é possível identificar problemas de saúde que necessitem de acompanhamento específico», explica Nuno Silva, terapeuta da fala do Hospital da Luz Setúbal. Este profissional dá exemplos de sinais de alerta, que aconselham à consulta de um médico otorrinolaringologista ou de um terapeuta da fala: Rouquidão durante mais de duas semanas; Dor laríngea ou faríngea, dores de garganta ou sensação de se ter um corpo estranho na garganta; Pigarrear constante, perda de voz (mais de quatro dias seguidos) ou irritação na garganta (mais de uma semana); Cansaço ao falar ou dificuldade em fazê-lo com intensidade elevada e tons agudos. Para manter a voz em boa forma, deve-se: Beber bastante água (1,5 litros a 2 litro/dia), para manter a hidratação das cordas vocais; Não esforçar nem abusar da voz, aquecê-la antes de um uso mais intenso e usar microfone em palestras e/ou apresentações; Evitar álcool, tabaco, produtos com cafeína e condimentos picantes (que favorecem o refluxo ácido); Ao falar, adotar uma postura correta (evitar o queixo para cima, o pescoço esticado e os ombros levantados e/ou para a frente), falar de forma pausada e respirar de forma adequada; Se é cantor, deve fazer exercícios de aquecimento e arrefecimento vocal (a má utilização da voz surge com mais frequência na fala do que no canto).