O Hospital da Luz Vila Real (HLVR) realizou um tratamento endovascular de síndrome pós-trombose venosa profunda através de uma técnica inovadora: pela primeira vez no HLVR, foi feito um implante de stent venoso por técnica endovascular percutânea. O procedimento foi feito no passado dia 24 de julho, tendo sido realizado por uma equipa liderada pelo cirurgião vascular Mário Marques Vieira, na qual também participou o especialista João Rocha Neves. A equipa procedeu à revascularização de uma obstrução extensa do sistema venoso profundo, da região abdominal e inguinal, por técnica percutânea minimamente invasiva, sem incisões ou cicatrizes, com implante de stent inovador e dedicado à doença venosa obstrutiva profunda. Trata-se de um tratamento inovador que permite tratar doentes com história de trombose venosa profunda abdominal e pélvica, com sequelas graves, designado síndrome pós-trombótico, o qual provoca dor a caminhar ou claudicação, edema ou inchaço crónico, pigmentação e atrofia da pele, aparecimento de varizes extensas e atípicas, e ulceração cutânea nos casos mais avançados e prolongados. A síndrome pós-trombótica desenvolve-se após um evento de trombose venosa profunda, iniciando sensivelmente cinco anos após esse evento, atingindo mais de 50% dos doentes aos 10 anos após a trombose. O tipo, grau e gravidade dos sintomas é tão mais extenso quanto mais alta ou próxima for a trombose, em especial da veia cava ou veias ilíacas, e na ocorrência de obstrução sequelar do sistema profundo. O diagnóstico é feito através da história clínica prévia e sinais e sintomas da hipertensão venosa profunda (edema, pigmentação, atrofia cutânea, varizes tronculares e ulceração cutânea), recorrendo posteriormente ao Eco-Doppler venoso dos membros inferiores e abdominal para confirmação imagiológica e estudo hemodinâmico. Confirmada a suspeita de obstrução venosa profunda por trombose e mecanismos adjacentes, frequentemente com concomitante doença obstrutiva compressiva como a Doença de May-Thurner, é realizado um método de imagem abdominal, normalmente um Angio-TAC ou Angio-RM que confirma a obstrução venosa, a existência de colateralização venosa (varizes pélvicas, inguinais e/ou abdominais), sendo o exame essencial para a programação do tratamento. Após a revascularização e implante do stent venoso dedicado, com resultados muitas vezes imediatos no alívio dos sintomas, o doente necessita de seguimento regular no primeiro ano após tratamento, com recurso a meia elástica e tratamento farmacológico de hipocoagulação. Decorridos 12 meses, há normalmente suspensão do tratamento, alargando a vigilância para 6 ou 12 meses de intervalo, conforme os casos.