Susana Ourô , cirurgiã geral e colorretal do Hospital da Luz e do Hospital Beatriz Ângelo, concluiu no passado dia 21 de janeiro o doutoramento em Medicina, especialidade de Investigação Clínica, na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. Para a sua tese, que concluiu com classificação máxima, distinção e louvor por unanimidade do júri, a médica realizou uma investigação sobre os fatores biológicos e cirúrgicos que são determinantes no tratamento do cancro do reto. No resumo de introdução da sua tese, Susana Ourô explica: “ O cancro do reto é uma doença muito complexa, que tem vindo a aumentar nas idades mais jovens , com um enorme impacto na qualidade de vida. É uma patologia extremamente heterogénea no que concerne ao seu comportamento, dependente de vários fatores que determinam não só o seu curso, mas a resposta à terapêutica”. “Nas últimas décadas, têm sido feitos progressos significativos na abordagem do cancro do reto, devido a um melhor conhecimento da fisiopatologia da doença, conduzindo ao aparecimento de novas opções de tratamento”. “O conceito terapêutico também se alterou, mudando de uma perspetiva exclusivamente focada nos outcomes oncológicos para um modelo com preocupações relacionadas com os resultados funcionais e a qualidade de vida”. Por isso, a questão que esteve na base da tese foi a seguinte: “É possível encontrar determinantes biológicos e cirúrgicos do tratamento do cancro do reto por forma a diminuir a morbilidade associada à terapêutica, mas obtendo igualmente os resultados pretendidos?”. A investigação resultou na publicação de sete artigos científicos originais. Entre as principais conclusões da tese – que tem como título “Biological and Surgical Determinants in the treatment of Rectal Cancer” –, Susana Ourô destaca que: Existem vários fatores biológicos que influenciam os resultados terapêuticos do cancro do reto, mas verifica-se, igualmente, um inquestionável impacto da opção cirúrgica selecionada. Sendo a nossa meta a obtenção dos melhores resultados com a menor morbilidade, é necessário procurar estes determinantes biológicos e cirúrgicos do tratamento ótimo; Este trabalho permitiu comprovar o papel dos microRNAs (genes) no processo de formação do tumor do reto e em particular a influência do microRNA-21 na resposta à quimiorradioterapia feita antes de cirurgia; Igualmente relevante é a opção cirúrgica nos diferentes contextos clínicos: devem ser individualizadas as intervenções cirúrgicas através do uso seletivo da excisão total do mesorreto via transanal para os tumores distais e a excisão local pós quimiorradioterapia nos doentes de alto risco com boa resposta; Também, é imperativo melhor selecionar os doentes para ileostomia derivativa e controlar os factores de risco modificáveis, por forma a diminuir a morbilidade associada ao estoma de proteção. Na foto em cima , a nova doutorada e o júri das provas de doutoramento: Paulo Costa, Rui Maio, Susana Ourô, José Fragata, Marília Cravo, João Pimentel e Jorge Paulino.