A equipa de farmacêuticos do Hospital da Luz Lisboa, com o apoio do Centro de Oncologia, criou um cartão para os doentes oncológicos em tratamento com imunoterapia. Serve de alerta para efeitos secundários e de apoio para os outros médicos. E ajuda a salvar vidas. Este cartão, com dimensão pouco superior a um cartão multibanco, é entregue ao doente no início do tratamento. O cartão da Via Verde do Doente Oncológico é entregue ao doente pelo oncologista e pelo farmacêutico na consulta em que é informado de que vai fazer imunoterapia. E é preenchido com a informação de segurança relativa ao medicamento, a identificação do médico oncologista e o respetivo contacto telefónico para ser usado em caso de urgência. O cartão menciona os efeitos adversos mais frequentes das imunoterapias na doença oncológica, que requerem vigilância. Por isso, o doente deve manter o cartão consigo e apresentá-lo sempre que recorre a um médico de outra especialidade ou até se tem necessidade de ir a outro hospital. Os doentes não devem desvalorizar ou tentar tratar os efeitos indesejáveis por si próprios. Se desenvolverem alguns dos sintomas descritos no cartão, devem contactar o seu médico ou dirigir-se a uma unidade de saúde. Se se sentir mal, o doente deve consultar as informações que constam no cartão e dirigir-se a uma unidade de saúde, levando-o consigo. Isso facilitará o contacto com o seu médico assistente e ajudará o clínico do serviço de urgência a fazer a avaliação adequada e a prescrever o tratamento correto. Para onde quer que o doente vá, mesmo sendo uma instituição que não o conheça e que não saiba como lidar com a situação, o cartão identifica-o, indica a terapêutica, o seu médico e o contacto de urgência. E diz ainda que aquela terapêutica causa uma série de reações adversas, identificando-as e apontando as medidas farmacológicas específicas para as tratar. O cartão da Via Verde do Doente Oncológico funciona, assim, quer como cartão de alerta para o doente, pois identifica os sinais a que deve estar atento, quer como apoio ao médico da urgência, que, confrontado com essas reações adversas, desconhece a forma de intervir. «É importante que em toda a cadeia de cuidados de saúde destes doentes seja conhecida a forma correta de lidar com as possíveis reações a estes medicamentos, as quais são facilmente confundidas com os sintomas de outras doenças», explica a diretora dos serviços farmacêuticos do Hospital da Luz Lisboa, Claudia Santos. «Os efeitos secundários destes tratamentos imuno-oncológicos estão relacionados com o aumento da atividade do sistema imunitário, não se manifestam de igual modo em todas as pessoas e podem surgir até meses após o fim do tratamento», explica Nazaré Rosado, a farmacêutica que está na origem desta iniciativa, enquanto José Luis Passos Coelho, diretor do Centro de Oncologia, acrescenta: «Na suspeita de reações adversas causadas pelo tratamento com imunoterapia, é muito importante a avaliação adequada do doente para excluir outras causas. Se se tratar de toxicidade imuno-mediada, deve-se iniciar com a maior brevidade possível medidas específicas de suporte e tratamento, por vezes com administração de corticoides». O cartão Via Verde do doente oncológico ajuda a salvar vidas. Fale sobre ele com o seu médico oncologista no Hospital da Luz. E traga-o sempre consigo.