O Sysvent OM1 , o primeiro ventilador de cuidados intensivos concebido e construído em Portugal , acaba de obter a certificação europeia (CE) para tratamento de doentes, o que permite que comece em breve a ser comercializado não só no país, como em todo o mundo. António H. Carneiro e Nuno Cortesão , do Hospital da Luz Arrábida, e Marco Fernandes , do Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga e do HL Arrábida, foram os médicos intensivistas que participaram no desenvolvimento do modelo , construído pela empresa SysAdvance. “Este processo é um exemplo de como em Portugal se pode fazer bem”, salienta António H. Carneiro, que é também diretor clínico do HL Arrábida. O desenvolvimento do projeto e o processo de certificação ocorreram em tempo recorde : a ideia foi lançada em março de 2020 por Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos , no âmbito da campanha ‘Todos por quem Cuida’, em colaboração com médicos intensivistas do HL Arrábida e a SysAdvance – empresa portuguesa certificada para construir dispositivos geradores de oxigénio medicinal e sistemas médicos de ar e vácuo que aceitaram o desafio. Os médicos intensivistas definiram objetivos, especificaram requisitos, testaram e fizeram evoluir o equipamento pelas referências mais exigentes. Os engenheiros da SysAdvance Danielson Pina e Filipe Fernandes interpretarem as especificações da equipa médica, construindo o equipamento. Este foi depois submetido a rigorosos testes de bancada e in vivo (realizados no CCEA), que comprovaram, em julho de 2020, que o Sysvent OM1 estava em condições de ser submetido a certificação internacional, naquele que foi um processo moroso e trabalhoso, coordenado por Isabel Machado, da SysAdvance. O desfecho foi um sucesso , tendo o ventilador obtido, em janeiro passado, a certificação CE , através do Organismo Notificado, SGS Bélgica, como ventilador de cuidados intensivos de gama elevada. “O facto de a conceção, o desenho, a definição de requisitos e a construção terem sido feitas em Portugal atesta que o país, como está bem demonstrado em muitas outras áreas, é capaz de fazer o melhor. Neste caso, o que fez a diferença foi a visão e a liderança que permitiram definir objetivos tangíveis no contexto do que os clínicos necessitam para salvar vidas, a capacidade dos engenheiros para corresponder a essas definições e o saber e experiência da Sysadvance, que permitiram constituir uma equipa centrada nos mesmos objetivos, falando a mesma linguagem, com igual entusiasmo e dedicação”, afirma António H. Carneiro. “Estamos ansiosos por utilizar o Sysvent OM1 nas nossas enfermarias, já que essa será a ‘prova final’ de eficácia, segurança e usabilidade, onde aprenderemos como o rentabilizar e melhorar”, acrescenta. “Este ventilador é para nós um motivo de grande satisfação. Esta aliança frutuosa entre médicos e engenheiros demonstrou que devemos investir na investigação clínica para chegarmos às soluções que os hospitais precisam, com mais rapidez, qualidade e inovação”, afirmou Miguel Guimarães, em comunicado da Ordem dos Médicos. “Neste momento tão complexo da pandemia, a certificação do Sysvent OM1 enche-nos de orgulho”, acrescentou José Vale Machado, CEO da SysAdvance.