As doenças cardiovasculares e o cancro são as de maior prevalência no mundo desenvolvido e têm fatores de risco comuns, como tabagismo, hipertensão arterial, diabetes e sedentarismo. “O nosso objetivo é colocar o doente em condições ideais para receber os tratamentos oncológicos, bem como acompanhá-lo durante e depois desses tratamentos, que podem ter efeitos adversos”, explicou Júlia Toste , responsável pela consulta de Cardio-Oncologia do Hospital da Luz Lisboa, durante a entrevista à RTP1, emitida no passado dia 27 de outubro. A cardiologista recordou, a propósito, como surgiu a necessidade de uma intervenção específica desta especialidade nos doentes com cancro: “Verificou-se que os tratamentos a que são sujeitos (como quimioterapia e radioterapia) podem desencadear complicações cardiovasculares, até alguns anos mais tarde. Portanto, os doentes oncológicos podem ter uma doença cardiovascular devido aos seus fatores de risco de base, mas também graças aos tratamentos que fazem”. O papel da Cardio-Oncologia é evitar situações de insuficiência cardíaca ou mesmo morte por doença cardiovascular. “Controlamos os fatores de risco do doente, tratando as doenças cardiovasculares que tem e que não estavam diagnosticadas. Durante os tratamentos, o oncologista conta sempre com o cardiologista para otimizar os tratamentos, de maneira a diminuir a lesão cardiovascular e, a posteriori , devemos manter alguma monitorização, pois os efeitos podem manifestar-se anos mais tarde”, esclareceu ainda. Júlia Toste na RTP1 (entre os minutos 13:30 e 18:00)