Perceber e criar um edifício “como uma entidade viva” que tem “sentidos e é constituído por sistemas, tal como os seres humanos”, é aquilo que permite a Ivo Antão , engenheiro e administrador da Luz Saúde, dizer que o edifício do Hospital da Luz, em Lisboa, tal como está concebido, “contribui de forma decisiva para o processo de cura dos doentes”. Esta foi uma das mensagens-chave que o administrador do Grupo Luz Saúde transmitiu no debate organizado pelo Expresso e pela Siemens , no passado dia 14 de maio, sobre o futuro das infraestruturas e o impacto da digitalização nas redes elétricas, fábricas ou grandes edifícios como hospitais. “Quando, há 15 anos, construímos o Hospital da Luz em Lisboa, conseguimos que a Siemens nos apoiasse e ajudasse a criar um hospital assim. Hoje, mesmo com a ampliação do edifício quase para o dobro, continuámos a apostar nesta visão”, adiantou. E deu exemplos das transformações digitais que foram sendo inseridas no edifício do Hospital e do que elas permitiram fazer, sobretudo durante a pandemia da COVID-19 e perante a necessidade de dar respostas rápidas a uma situação totalmente nova e inesperada: o sistema central para controlo, mesmo à distância, de todas as redes que permitem manter o hospital a funcionar 24h/7; a resposta imediata, ao nível das instalações, às novas necessidades da prestação dos cuidados de saúde (pressão negativa ou positiva com controle local em compartimentos transformados em quartos de isolamento; crescimento acelerado da capacidade de camas de cuidados intensivos; monitorização em tempo real das redes de gases, etc); e a resposta “em apenas algumas horas” aos pedidos do Ministério da Saúde, para, por exemplo, instalar uma ala de internamento do Hospital Fernando da Fonseca no Hospital da Luz, com a inerente adaptação de sistemas e dispositivos de registo, controlo e resposta clínicas. Entre outros. Ivo Antão apontou ainda outras caraterísticas essenciais a que os edifícios hospitalares devem ser capazes de responder. “Está provado que a luz natural é essencial para a cura dos doentes, mesmo quando estes estão em coma”. Por isso, não só o sistema de iluminação do Hospital da Luz Lisboa permite o controle da intensidade e temperatura da cor para os aproximar o mais possível da luz natural a cada momento do dia, como as unidades de cuidados intensivos têm entrada de luz natural direta , criando assim a perceção real, para quem está internado e para quem lá trabalha, do ciclo dia-noite completo. O impacto da digitalização e da descarbonização nas infraestruturas foi o tema central deste debate, onde, além do administrador da Luz Saúde, estiveram também o CEO da Siemens, Pedro Miranda; o responsável mundial de vendas da Siemens Smart Infrastructure Markus Mildner; o vogal do conselho de administração da E-Redes, Ângelo Sarmento; o corporate energy manager da The Navigator Company, Frederico Pisco; e o secretário de Estado da Energia, João Galamba. Todos deram exemplos do que, nas suas empresas, tem sido o investimento digital e energético nas infraestruturas, de modo a torná-las cada vez mais “confiáveis, eficientes e sustentáveis”, como referiu Markus Mildner. Assinalaram igualmente a importância de aumentar a capacidade de previsão de constrangimentos e falhas , dando como exemplo, além da pandemia, os ataques cibernéticos e as catástrofes naturais, cada vez mais frequentes. No Expresso, o depoimento dado pelo eng. Ivo Antão e outras notícias sobre este debate .