O congresso da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), que decorreu entre 12 e 14 de novembro, em formato virtual, contou com uma forte participação dos médicos pneumologistas de várias unidades do Hospital da Luz e do Hospital Beatriz Ângelo (HBA) , que apresentaram oito estudos – três dos quais sobre a COVID-19 –, além de terem moderado debates e realizado sessões de formação. A Pneumologia é uma das especialidades mais requisitadas na atual pandemia de COVID-19 e a abordagem desta doença foi um dos temas em destaque no congresso nacional de especialistas desta área. “Mesmo no contexto atual de grande exigência para os nossos profissionais, devido à pandemia, conseguimos realizar vários trabalhos e um deles foi mesmo premiado no congresso”, salienta Sofia Tello Furtado , diretora dos serviços de Pneumologia do HBA e do Hospital da Luz Lisboa, referindo-se neste caso ao prémio SPP Jovens Especialistas, atribuído a Mónica Grafino , pelo trabalho ‘Fatores Preditores do diagnóstico de DPOC de acordo com o sexo’. Hipoxia, ventilação não invasiva (VNI), ventilação mecânica invasiva (VMI) e fibrose pulmonar idiopática foram outros temas das comunicações orais e posters científicos apresentadas pelos especialistas do Hospital da Luz e do HBA. Coube a Sofia Tello Furtado moderar o debate sobre os trabalhos no âmbito da COVID-19 e interstício pulmonar, enquanto Margarida Felizardo moderou a comissão de trabalho do congresso que analisou o impacto do SARS-CoV-2 no tratamento de doentes com cancro do pulmão. Já Susana Clemente participou no grupo de peritos da SPP que elaborou as “Recomendações para a retoma de atividade das unidades de reabilitação respiratória durante a fase de mitigação de infeção COVID-19”. Principais conclusões dos estudos feitos com doentes COVID no HBA e Hospital da Luz Coube a Francisco Neri apresentar o estudo ‘A importância das doenças pulmonares obstrutivas no prognóstico de doentes covid-19’ . O trabalho concluiu que a existência de doença pulmonar obstrutiva (asma ou DPOC) não constituiu fator de risco de piores resultados (em termos de mortalidade ou necessidade de cuidados intensivos, VMI e oxigenoterapia). Ressalva-se, porém, que a amostra de doentes do HBA analisada foi pequena para se poder tirar conclusões mais robustas. ‘O papel da ventilação não invasiva (VNI) e do CPAP nos doentes com covid-19: experiência do Hospital Beatriz Ângelo’ foi apresentado por Catarina Custódio. Concluiu-se que, apesar da controvérsia inicial, tudo indica que a VNI/CPAP tem um papel importante na gestão da insuficiência respiratória causada por esta doença, mesmo nos mais idosos e que têm mais doenças em simultâneo, devendo ser aplicada por equipas multidisciplinares bem preparadas. Finalmente, em ‘O peso da obesidade em doentes com covid-19’ , apresentado por Sofia Silva, apurou-se que as pessoas obesas analisadas na amostra registaram taxas ligeiramente superiores de mortalidade, admissão em cuidados intensivos, necessidade de VNI e ventilação mecânica invasiva, na linha do que têm concluído estudos científicos internacionais, de que a obesidade predispõe a maior gravidade e mortalidade por COVID-19.