O Journal of Minimally Invasive Gynecology (JMIG), a publicação científica mais conceituada no mundo na área da laparoscopia ginecológica, acaba de publicar, na sua edição anual, um artigo e um vídeo realizados pela equipa de António Setúbal , diretor do Departamento de Ginecologia do Hospital da Luz Lisboa, em que é demonstrada a técnica cirúrgica aqui usada para tratar o istmocelo uterino, doença que afeta algumas mulheres que realizaram cesarianas. O trabalho, em que, além de António Setúbal, participam também os médicos Filipa Osório , João Alves e Zacharoula Sidiropoulou, foi feito a convite dos editores do JMIG, tendo em conta a experiência desta equipa do Hospital da Luz neste tipo de intervenção. O istmocelo é uma patologia que pode surgir em torno da cicatriz da incisão feita durante uma cesariana. A parede do útero, nestes casos, deixa de estar totalmente íntegra e forma uma espécie de bolsa que funciona como um reservatório de sangue durante a menstruação – e que pode, no limite, causar infertilidade ou rutura do próprio útero. Não sendo uma patologia com indicação cirúrgica frequente, António Setúbal foi o primeiro a realizar a técnica em Portugal, através de cirurgia laparoscópica. “Os defeitos de cicatrização uterina após cesariana criaram nos últimos anos este novo tipo de patologia”, explica o médico ginecologista, que já em 2017 tinha publicado um artigo de revisão científica sobre este tema, também no JMIG, em que propôs o termo ‘istmocelo’ para passar a identificar esta patologia, uma vez que existiam até aí várias designações. “A proposta passou a ser aceite internacionalmente”, acrescenta. Demonstration of Isthmocele Surgical Repair