Uma doente com endometriose que só foi diagnosticada ao fim de 16 anos, no Hospital da Luz Lisboa, relatou a sua experiência no programa ‘A Tarde é Sua’, exibido pela TVI no passado dia 18. Andreia Trindade contou no programa apresentado por Fátima Lopes o sofrimento que passou até ser assistida por uma médica que percebeu que tinha todos os sintomas de endometriose e a encaminhou para Filipa Osório , médica ginecologista do Hospital da Luz. Seguida em Ginecologia e medicada desde os 14 anos, por ter começado a sentir dores abdominais fortes quando começou a ter a menstruação, Andreia Trindade recebia sempre “as mesmas respostas” quando perguntava qual era a sua doença: “Não te preocupes, isso é normal” ou “um dia vais ter um filho e isso passa”. Desde essa altura e até aos 30 anos, quando já estava casada, habituou-se a “reprogramar e agendar” a sua vida diária de acordo com as dores que sentia. As dores foram-se agudizando e começaram a acontecer mesmo fora do período menstrual, a ponto de ter de ser assistida várias vezes em urgências hospitalares, onde lhe eram dados medicamentos analgésicos muito fortes – até ao dia em que já nem isto fazia efeito. Teve depois a sorte de ser assistida e avaliada por uma médica ginecologista que suspeitou logo de endometriose e a pôs em contacto com Filipa Osório, especialista nestes casos. “Pensei: finalmente! Isto tem nome e eu não estou doida”, recorda Andreia. Feitos todos os exames, Andreia foi então operada com sucesso por Filipa Osório. Com a doença controlada, pôde planear uma gravidez, da qual nasceram dois gémeos, em 2012, no Hospital da Luz. “Estas dores não são normais e devem ser investigadas” O seu relato é semelhante ao de muitas outras mulheres que, como salientou Filipa Osório neste programa da TVI, têm de saber que “não é normal sofrer assim para ter a menstruação”: “É normal ter desconforto e algumas dores que são toleráveis e controláveis tomando um analgésico, como paracetamol. Dores que são incapacitantes ou que interferem na qualidade de vida e no dia-a-dia das mulheres não são normais e devem ser investigadas”. Estima-se que a endometriose afete uma em cada 10 mulheres em idade fértil , mas é muitas vezes subdiagnosticada ou então diagnosticada tardiamente, devido à tendência para se desvalorizar as dores que provoca. A médica do Hospital da Luz explicou ainda o mecanismo da doença: “Dentro do útero, o endométrio cresce todos os meses e ciclicamente a mulher menstrua. A endometriose é uma doença inflamatória e acontece quando as glândulas do endométrio migram para fora do útero e vão crescer noutros órgãos, formando quistos e nódulos. Isto quer dizer que todos os meses essas glândulas sofrem as mesmas alterações cíclicas nesses órgãos, traduzindo-se em quadros de dor intensa e incapacitante nesses sítios”. Os tratamentos incluem terapêutica hormonal e cirurgia (para retirar os quistos e nódulos), mas também mudanças alimentares e prática de exercício físico. Programa ‘A Tarde é Sua’ (entre os minutos 1 e 44)