A endometriose “ é uma doença crónica e progressiva ” que afeta as mulheres, manifestando-se através de dores intensas e incapacitantes sobretudo na altura da menstruação, o que “não é normal” – salientou António Setúbal , médico ginecologista do Hospital da Luz Lisboa , durante o programa ‘A tarde é sua’ , emitido pela TVI a 11 de dezembro passado. Na endometriose , o endométrio (tecido de revestimento do útero) desenvolve-se fora do útero, formando massas de características benignas, com maior ou menor extensão. Nas várias localizações extrauterinas, esse tecido sofre transformações semelhantes às que ocorrem no útero durante o ciclo menstrual, que se traduzem frequentemente em dor. Por ser “uma doença manhosa” em termos de sintomas, “é preciso acompanhá-la e diagnosticá-la” – mas a endometriose leva em média entre oito a 12 anos a diagnosticar corretamente e só após as mulheres recorrerem a múltiplos especialistas, como explicou o coordenador do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital da Luz Lisboa. António Setúbal identificou os sintomas “clássicos” da endometriose: dores durante a menstruação (acompanhadas ou não de forte hemorragia), durante a relação sexual, a defecar ou a urinar. A doença traduz-se numa grande perda de qualidade de vida para as mulheres, causa infertilidade em 35% a 50% dos casos e pode envolver de forma grave os órgãos adjacentes ao útero (causando tumores no reto, por exemplo). “ Em mulheres jovens, a pílula é a forma mais simples de controlar os sintomas da endometriose. Mas o único tratamento a certa altura é a cirurgia ”, acrescentou. António Setúbal na TVI (a partir de 1h11)