A última equipa de profissionais de saúde do Exército da Alemanha , que desde fevereiro asseguraram uma Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital da Luz Lisboa, disponibilizada ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) para ajudar no combate à pandemia de COVID-19 , regressou ao seu país no passado dia 23. “Foi uma parceria inédita e, nessa medida, benéfica e frutuosa. Era difícil ter corrido melhor. Da nossa parte, o sentimento é de dever cumprido”, salienta Rui Maio , diretor clínico do Hospital da Luz Lisboa. No total, desde 8 de fevereiro, a missão alemã – constituída por duas equipas, cada uma a trabalhar ao longo de três semanas – tratou 16 doentes , tendo registado três mortes. A unidade contava com 8 camas de cuidados intensivos, sendo as transferências de doentes determinadas pela CARMIN (Coordenação da Resposta Nacional à Covid-19 em Medicina Intensiva). “Em termos de logística e de esforço médico, foi uma missão dura e bastante diferente das outras missões militares na área médica que habitualmente temos”, afirmou o tenente-coronel Richard Glied , médico anestesista e chefe da segunda equipa, em declarações à rádio TSF. “A nossa especialidade é a estabilização rápida de doentes que ficaram muito feridos em conflitos militares, organizar o seu transporte e, após poucas horas, no máximo dois dias, entregá-los a um hospital de destino”, esclareceu. O responsável informou ainda que todo o material que a missão alemã trouxe e doou a Portugal – como ventiladores (que estiveram a ser usados no HL Lisboa), bombas de infusão e seringas perfusoras, entre outro equipamento médico – será distribuído pelo Ministério da Saúde aos hospitais públicos. ‘Experiência notável’ “Foi uma experiência notável, para a qual contribuíram todas as nossas equipas, não apenas da área clínica, mas também da manutenção e sistemas de informação”, afirma Pedro Patrício, diretor de operações do HL Lisboa, recordando que esta UCI foi montada em 24 horas . As equipas alemãs exerceram funções no HL Lisboa como qualquer outra equipa de cuidados intensivos, com reuniões diárias e passagens da informação clínica na mudança de turno. Fez parte do seu processo de integração, aliás, o conhecimento de todos os circuitos internos e, no geral, “a interação com todos os departamentos foi muito positiva, tendo-se sentido um enorme espírito de equipa por parte dos colaboradores do hospital, que se esforçaram por responder aos seus pedidos no mínimo tempo possível”, acrescenta Rui Maio. Enquanto aqui estiveram, os profissionais de saúde alemães contaram permanentemente com o apoio de todos os recursos clínicos do HL Lisboa , nomeadamente das especialidades médicas de apoio à unidade de cuidados intensivos, da patologia clínica, dos exames de imagiologia, bem com das cadeias de abastecimento de consumos clínicos e fármacos. A comunicação entre todos era feita geralmente em Inglês, mas na UCI gerida pela missão alemã estiveram em permanência dois profissionais de saúde do HL Lisboa, um deles luso-alemão e ambos fluentes nesta língua, que respondiam a qualquer necessidade suplementar e que também facilitavam os contactos com os familiares dos doentes, tanto para recolher dados como para dar informações sobre a sua evolução. Os militares, por seu lado, tiveram a preocupação de aprender algumas palavras em Português para conseguirem dirigir-se aos doentes e tranquilizá-los, nomeadamente quando estes eram extubados e acordados. Foram-lhes ainda disponibilizados pelo hospital guias em Alemão-Português, com informação básica sobre o HL Lisboa e algumas palavras e expressões elementares. Na foto em cima , um grupo de profissionais alemães e portugueses (com Pedro Patrício, Rui Maio, o administrador executivo Pedro Líbano Monteiro e a CEO da Luz Saúde Isabel Vaz, ao centro), na hora da despedida do HL Lisboa.