Uma equipa de 26 profissionais de saúde do Exército da Alemanha, todos com experiência em medicina intensiva, está desde o dia 8 de fevereiro a assegurar uma Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) disponibilizada pelo Hospital da Luz Lisboa ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), com capacidade para receber 8 doentes críticos com COVID-19. Em conferência de imprensa, o chefe da equipa alemã, coronel Jens-Peter Evers , elogiou e agradeceu a “cooperação perfeita” que está a verificar-se entre autoridades portuguesas, autoridades alemãs e o Hospital da Luz. A disponibilização desta UCI do HL Lisboa surge no âmbito da colaboração alargada que o Grupo Luz Saúde tem mantido com o SNS e com o Governo para a resposta conjunta à atual crise sanitária. Como explicou Isabel Vaz , CEO da Luz Saúde, foi possível realocar recursos e adaptar espaços “em tempo recorde”, para corresponder ao apelo feito pelo Ministério da Saúde, de que a equipa alemã pudesse trabalhar num espaço único. “Não esperávamos encontrar tão boas condições de trabalho como aqui, não podiam ser melhores”, salientou Jens-Peter Evers, referindo ainda que os militares alemães sentem que são bem-vindos em Lisboa. “O nosso único objetivo é salvar vidas. Não é só uma questão de amizade europeia, é também de cooperação e de trabalharmos juntos. Quando os amigos precisam de ajuda, é isso que temos de fazer. Para já, o nosso objetivo, é ficarmos três semanas, mas penso que vamos ter de ficar mais tempo”, afirmou, deixando ainda uma mensagem para a sociedade alemã: “É bom estarmos aqui, pois todas as vidas importam. E estamos também a aprender com esta cooperação”. A cooperação e a coordenação de todas as entidades envolvidas para se poder levar à prática a ajuda oferecida pela Alemanha foi também salientada por João Gouveia , coordenador da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva para a COVID-19. O médico intensivista agradeceu o envio desta equipa de 26 profissionais, bem como o acolhimento proporcionado pela Luz Saúde e pelos profissionais do Hospital da Luz Lisboa, tendo explicado a respetiva importância para o país: “Estamos neste momento com uma previsão de necessidades de Cuidados Intensivos superior à capacidade instalada: precisamos de mais 200 camas nas próximas semanas. É um esforço gigantesco para o sistema nacional de saúde e só conseguimos ultrapassar a situação se trabalharmos todos juntos e em rede. Aceitar a ajuda internacional é um ato de inteligência. Não é ‘a’ solução, mas é uma ajuda da qual precisamos. Temos de nos preparar para o pior, esperando o melhor”. João Gouveia explicou ainda que esta UCI de 8 camas no HL Lisboa, sob coordenação clínica da equipa alemã, destina-se a doentes críticos com COVID-19 oriundos da área de Lisboa e Vale do Tejo, em condições de poderem ser transportados dos hospitais onde estão internados. O primeiro doente aqui recebido, nesta segunda-feira, veio do Hospital Garcia de Orta, em Almada, estando em vias de ser transferidos outros, por exemplo, dos hospitais do Barreiro e de Cascais. O funcionamento desta UCI no HL Lisboa é assegurado exclusivamente pelos profissionais alemães. Mas, sempre que necessário, têm à sua disposição o apoio e acompanhamento de dois profissionais do Hospital da Luz Lisboa: uma técnica administrativa e um técnico de Imagiologia (este de nacionalidade alemã e bilingue), que servem de ligação com os outros serviços do hospital. Durante a conferência de imprensa, aliás, a tenente-coronel Katrin Thinnes contou, a partir da UCI, que a comunicação com os colegas no HL Lisboa tem decorrido muito bem. “Para nós, é uma honra poder ajudar o país nesta fase difícil”, afirmou Isabel Vaz no encerramento desta conferência de imprensa, em que estiveram também presentes Rui Maio , António Messias e Pedro Líbano Monteiro – respetivamente, o diretor clínico, o diretor do Serviço de Medicina Intensiva e o administrador executivo do HL Lisboa.