A Google presta hoje uma homenagem a Carolina Beatriz Ângelo , médica, republicana e a primeira mulher a votar em Portugal, que deu nome ao Hospital público em Loures que o Grupo Luz Saúde gere em parceria público-privada há quase 10 anos. Beatriz Ângelo foi a primeira cirurgiã a operar no Hospital de S. José, em Lisboa, e tinha o seu consultório na baixa lisboeta, onde tratava muitos dos mais pobres da cidade. Ao mesmo tempo, integrou ativamente o movimento republicano com o seu marido, também médico, que levou à implantação da República em Portugal, a 5 de outubro de 1910. Aliás, a primeira bandeira da República Portuguesa, hasteada em Lisboa, foi bordada em sua casa, às escondidas, por um conjunto de mulheres republicanas. Carolina ficaria na história dos direitos cívicos e da política portuguesa por outra razão: foi a primeira mulher a votar em Portugal. Já viúva, e logo após a revolução republicana, Carolina aproveitou um ‘buraco’ da lei eleitoral que o novo regime republicano tinha aprovado para, como ‘chefe de família’, exercer um direito cívico que só viria a ser reconhecido às mulheres portuguesas muitas décadas mais tarde. O episódio foi amplamente noticiado e, apesar das resistências dos próprios republicanos, a médica conseguiu levar a sua avante: a lei eleitoral dava acesso ao voto a todos os ‘chefes de familia’, condição que Carolina defendeu para se inscrever nos cadernos eleitorais: era viúva e o seu trabalho era o único sustento da família. Com a ajuda de um juiz também republicano, viu a sua inscrição validada pelo tribunal e, no dia das primeiras eleições após a implantação da República em Portugal, exerceu o seu direito de voto sob os olhares atentos dos jornalistas da época, que não perderam a oportunidade para relatar com todo o pormenor o sucedido. A verdade é que foi a primeira e, durante décadas, a única portuguesa a votar em eleições nacionais para órgãos de poder político. Logo a seguir, os republicanos, em maioria no parlamento, alteraram a lei eleitoral precisamente para impedir que as mulheres, mesmo sendo ‘chefes de família’, pudessem votar e participar nas muitas eleições que se seguiram. Carolina Beatriz Ângelo morreu meses depois deste acontecimento histórico, deixando uma filha órfã. O seu nome, porém, perdurou, inspirando durante décadas a luta das mulheres pela igualdade e pela liberdade . E foi por todas estas razões que se tornou também no nome do Hospital publico de Loures. Há 10 anos, antes de abrir o novo hospital do SNS gerido em parceria público-privado pela Luz Saúde, o Grupo decidiu dedicar o Hospital a esta médica republicana – fazendo, aliás, do Hospital Beatriz Ângelo o primeiro do SNS a ter o nome de uma mulher que não era santa. A homenagem que a Google hoje lhe presta é, também, uma homenagem a todas as mulheres que trabalham no HBA e que diariamente dão o seu melhor em nome da população que servem. Carolina Beatriz Ângelo estaria, hoje, orgulhosa de todas elas. Obrigada! Veja aqui a homenagem da Google