Eduardo Carpinteiro , coordenador do Grupo de Cirurgia do Ombro e Cotovelo do Hospital da Luz Lisboa, e a sua equipa realizaram, no passado dia 7, a primeira cirurgia em Portugal com recurso a uma tecnologia única de regeneração de tecidos para a coifa dos rotadores (conjunto de tendões e músculos que envolvem a articulação do ombro). Trata-se do Regeneten, uma tecnologia bioativa que acaba de ser introduzida e certificada na Europa. O Regeneten consiste na aplicação de um derivado de tendão de Aquiles bovino, com elevado grau de purificação, altamente poroso e com orientação ótima de fibras de colagénio tipo I. Estas caraterísticas estimulam uma resposta natural do organismo, de indução de um novo crescimento celular (regeneração) do tendão. O implante assim colocado é remodelado gradualmente ao longo dos seis meses seguintes, deixando uma camada de novo tecido semelhante ao tendão saudável, e aumentando, assim, a espessura do tendão remanescente. O tecido tendinoso recém-induzido compartilha a carga com o tendão nativo, o que reduz a tensão excessiva que é causa da degeneração. O Regeneten constitui, assim, uma tecnologia única de regeneração de tecidos . “Até agora, a comunidade científica tem falado sempre em reparações. Neste caso, trata-se de um passo mais à frente, pois o objetivo é a regeneração, o que vai muito além da simples reparação. Nós, cirurgiões do ombro, tivemos a fortuna de sermos pioneiros pois esta tecnologia tem a articulação do ombro como primeiro objeto de aplicação”, explica Eduardo Carpinteiro. Nos EUA, Canadá e Austrália, onde está disponível há cerca de cinco anos, o Regeneten já foi aplicado em mais de 20 mil cirurgias , com bons resultados, suportados por estudos consistentes e com boa evidência clínica. A tecnologia só agora foi introduzida na Europa, pois a certificação CE foi emitida recentemente. Numa primeira fase, só será efetuada em países e cirurgiões selecionados, tendo sido escolhido em Portugal o Grupo de Cirurgia do Ombro e Cotovelo do Hospital da Luz, reflexo do reconhecimento internacional da experiência dos seus especialistas. “ É uma grande oportunidade para o Hospital da Luz e para os doentes que a nós recorrem, pois podem a partir de agora beneficiar deste avanço científico ”, salienta Eduardo Carpinteiro.