Foi realizada pela primeira vez no Hospital da Luz, no passado dia 11 de julho, uma nova terapêutica de Medicina Molecular designada DOTATATE-Lu-177. Trata-se de uma terapêutica dirigida seletivamente a tumores neuroendócrinos que expressem, de forma significativa, recetores da somatostatina. Os tumores neuroendócrinos apresentam uma diversidade surpreendente na sua biologia, dimensão, localização, crescimento, sinais e sintomas associados e prognóstico. Assim, o seu tratamento é individualizado e decidido por uma equipa multidisciplinar, tendo em conta as especificidades de cada caso. Atualmente, os principais elementos radioativos utilizados para este fim são o lutécio-177 (Lu-177) e o ítrio-90 (Y-90). Estes elementos são ligados ao octeótrido, um análogo de somatostatina. O fármaco radioativo resultante (DOTATOC-90Y, DOTATOC-Lu-177 ou DOTATATE-Lu-177) é administrado por via endovenosa. Uma vez em circulação, o octreótido presente no radiofármaco identifica as células tumorais que apresentem recetores de somatostatina, liga-se a essas células e destroí-as por emissão de radiação beta e gama. A terapêutica com radionuclídeo para recetores de peptídeos (TRRP) adequa-se, portanto, à radioterapia interna seletiva de metástases positivas para recetores de somatostatina. Este tratamento é bem tolerado e tem revelado uma boa eficácia quando administrado isoladamente ou em associação com outras modalidades terapêuticas.