O Hospital da Luz Centro Clínico Digital , criado em 2017 e com características únicas em Portugal, “tem sido um exemplo de sucesso”, sobretudo devido às videoconsultas , que permitem aos médicos fazer o seguimento eficaz das doenças crónicas, com comodidade para os doentes e a participação ativa destes na gestão da sua saúde. Este foi o ponto de partida da intervenção de José Ferreira Santos , cardiologista e diretor clínico do Hospital da Luz Setúbal, no Congresso Português de Cardiologia (CPC 2020) , que decorreu entre 6 e 8 de novembro, desta vez em formato virtual. José Ferreira Santos participou numa das mesas redondas do primeiro dia do congresso, sobre telecardiologia e exemplos de sucesso na realidade portuguesa, cuja moderação esteve a cargo de Daniel Ferreira , diretor clínico do Hospital da Luz Centro Clínico Digital. “O Centro Clínico Digital funciona como um hospital digital, com três pilares: os registos de dados de saúde, as videoconsultas para acompanhamento de doenças crónicas e as videoconsultas de urgência ( on demand )”, explicou. Desde 2017 até agora, o número de videoconsultas realizadas veio sempre a aumentar, mas teve um aumento exponencial com a pandemia covid-19. O especialista evidenciou as diferenças em relação às tradicionais teleconsultas: “A telemedicina e as teleconsultas apareceram para dar resposta à ausência de médico em certas zonas e à distância a que os doentes estavam do hospital”; “Nos dias de hoje, o foco está mais nas necessidades do doente, que quer estar envolvido e ter um papel decisivo no seu tratamento, ter acesso fácil ao seu médico e relacionar-se com os cuidados de saúde, da mesma forma que se relaciona com outros serviços. Temos de ser capazes de oferecer ao doente mais do que ‘tem de vir ao hospital porque sim!’”. “Há consultas em que o exame físico é indispensável. Mas há várias situações clínicas, no seguimento das doenças crónicas, em que o objetivo da consulta é rever análises, resultados de exames e/ou fazer ajustes na terapêutica, nas quais o exame físico pode ser dispensado e as videoconsultas podem ser uma alternativa válida à consulta presencial”; “Preferimos as videoconsultas a outro tipo de teleconsulta (telefónica, por exemplo), pois isso permite uma visualização do doente em tempo real: podemos ver as reações do doente e compreender melhor as dúvidas e questões”; “A videoconsulta pressupõe que há um registo clínico associado a essa consulta e que há uma avaliação e um plano de tratamento, como numa consulta presencial. A única diferença é não podermos fazer exame físico, mas tudo o resto deve estar presente: entrevista clínica, avaliação de exames e definição do plano de tratamento”. “Para existir uma videoconsulta, o doente tem de ter pelo menos uma consulta presencial prévia com o seu médico. Adicionalmente, exigimos que, pelo menos uma vez por ano e caso a doença crónica esteja estabilizada, exista uma consulta presencial”. Entrevista de José Ferreira Santos